Ao humanizar um cão, “não o tornamos mais feliz, apenas o afastamos do que ele realmente é.” - Baut

O maior ato de amor que você pode dar ao seu cão é deixá-lo ser cachorro.

Quem ama, respeita e cuida do jeito certo.

Amar um cachorro é uma das experiências mais genuínas da vida. Mas será que sabemos amar de verdade?

Será que o amor que damos é, de fato, o que eles precisam?

Amar um cão não é projetar nele aquilo que falta em nós. É aprender a enxergá-lo como ele é uma espécie diferente da nossa, com necessidades próprias, comportamentos naturais e uma linguagem totalmente distinta.

Segundo a etóloga Patricia McConnell, “amar um cão exige respeito pela sua natureza animal, e não apenas carinho.”

Amar é permitir que ele viva como cachorro. Com instinto, movimento, autonomia e tudo aquilo que faz dele… um cão de verdade.

Essa interpretação equivocada, de que o cachorro é como uma criança humana, nos leva a uma série de escolhas que, embora feitas com carinho, acabam indo contra seu bem-estar real. Entre os comportamentos mais comuns estão: vestir roupas desnecessárias, escolher acessórios pensando na estética, e não no conforto ou segurança, escolher ambientes e experiências que agradam o tutor, mas não o cão e superproteger ou isolar o cão.

Todos esses exemplos partem de um ponto em comum: colocar nossas próprias necessidades acima das necessidades da espécie canina.

Como explica Marc Bekoff, biólogo e defensor do bem-estar animal, ao humanizar um cão, “não o tornamos mais feliz, apenas o afastamos do que ele realmente é.”

Cães são animais com necessidades comportamentais muito claras. Ignorá-las, mesmo sem querer, pode afetar profundamente sua saúde mental e física.

1. Movimento

Cães precisam se mover. Precisam caminhar, correr, explorar diferentes terrenos.

De acordo com a veterinária comportamental Karen Overall, “a restrição crônica de atividade física em cães urbanos é uma das causas mais comuns de distúrbios comportamentais.”

2. Cheiros

O olfato é o principal canal de comunicação e entendimento do mundo para os cães. Alexandra Horowitz chama os passeios com liberdade para cheirar de “passeios olfativos”, uma forma de enriquecimento cognitivo fundamental.

3. Contato com a natureza

O etólogo Raymond Coppinger defendeu que cães domesticados retêm comportamentos instintivos moldados pela vida ao ar livre. Ter acesso à natureza ajuda a equilibrar seus níveis de estresse e frustração.

4. Autonomia e escolha

Segundo estudos de Clive Wynne, dar ao cão oportunidades de escolha (por exemplo: que caminho seguir, com quem interagir, onde deitar) promove bem-estar emocional e aumenta os sinais de confiança e segurança.

Quando tratamos os cães como humanos, negamos a eles a possibilidade de expressar sua verdadeira natureza, e isso tem consequências reais.

  • Ansiedade: cães privados de movimento, cheiros ou socialização adequada desenvolvem ansiedade crônica.
  • Estresse: roupas e acessórios desnecessários podem causar estresse térmico e sensorial.
  • Agressividade: a frustração constante pode se transformar em comportamentos reativos.
  • Doenças físicas: sedentarismo, alimentação emocional e falta de estímulos provocam obesidade, compulsões e até depressão.
  • Problemas de socialização: o medo de outros cães ou pessoas geralmente nasce da falta de experiências reais e respeitosas.

A veterinária comportamental Karen Overall alerta: "os cães não são seres humanos, e tratá-los como tal é uma forma de negligência disfarçada de afeto."

Como amar de verdade: liberdade, estrutura, exploração e companhia.

Segundo Patricia McConnell, o segredo de uma relação saudável entre humanos e cães está no equilíbrio entre afeto e estrutura. Cães precisam de amor, sim, mas também precisam de:

Liberdade guiada para explorar o mundo com segurança.

Passeios que respeitem o ritmo e os interesses do cão.

Rotina equilibrada com atividades físicas e mentais.

Socialização saudável com cães e pessoas.

Espaços e escolhas próprias, sem sobrecarga emocional.

Essas são formas verdadeiras de demonstrar amor, respeitando a essência de quem está ao nosso lado.

Foi pensando nisso que criamos o Movimento Cão de Verdade.

Mais do que um manifesto, é um chamado. Para todos os tutores que acreditam que amar é entender. Que cuidado não é sobre mimar, mas sobre respeitar. Que cachorro não precisa ser "fashion". Precisa de trilha, cheiros, desafios e liberdade.

Junte-se a nós se você também acredita que “Cachorro não é humano. Cachorro é cachorro.”

Compartilhe essa ideia. Converse sobre isso. Apoie marcas, adestradores, ONGs e profissionais que atuam com essa consciência.

Porque o maior gesto de amor que podemos dar aos nossos cães…

É deixá-los ser quem são.

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2 comentários

Bom

Carlos

Deixe seu aufilhos ser verdadeiramente feliz!

Carmen valeria

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